sábado, 14 de janeiro de 2012

PARA MIM OU PARA EU ?


      

       Dúvida freqüente entre os estudantes do final do Ensino Fundamental e início do Ensino Médio, o uso das formas MIM ou  EU confunde a cuca mesmo. Mas não é nada complicado entender quando se usa um e quando usa o outro. Antes das explicações, não posso deixar de (re)lembrar  aos leitores que atualmente no Brasil duas variedades  da língua devem ser levadas em conta : a variedade padrão e a variedade popular.
                A variedade padrão obedece aos preceitos que constam na Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Também chamado de Português Correto, essa maneira de escrever / falar é muito cobrado nas provas, concursos, usado em textos literários e oficiais, mas nem sempre traduzem como realmente o brasileiro usa a sua língua para se comunicar.
                A variedade popular é aquela que registra a língua como ela é usada no dia-a-dia,  principalmente na fala cotidiana, nas diversas camadas da sociedade, de maneira que garanta a comunicação entre os interlocutores de uma conversa .
                O importante é o aluno / leitor perceber-se como pertencente a uma comunidade falante de duas línguas, na prática. Àqueles que já incorporaram a variedade padrão da língua, parabéns ! Que tenham consciência de que muitos ainda estão em fase de aprendizagem e transição no uso de uma variedade para outra e que não podem sofrer preconceito lingüístico caso “escorreguem” no uso da língua. Afinal, o que importa é que a mensagem foi enviada e compreendida. Então vamos lá.

PRINCIPAIS EMPREGOS DOS PRONOMES PESSOAIS

      Algumas das formas dos pronomes pessoais  têm usos distintos na variedade padrão e na variedade popular. Vamos conhecer as principais  diferenças entre esses usos das formas EU e MIM.

     Consulte uma gramática e procure o quadro geral dos pronomes . Você vai notar que :
·         
          EU só aparece na coluna do CASO RETO ( ou seja, só exercem a função de sujeito ).
·               
                  MIM só aparece na coluna do CASO OBLÍQUO ( ou seja, funcionam como complemento
      verbal, acompanhado de preposição e não pode exercer função de sujeito).
               
              Esses empregos, no entanto, só têm ocorrência regular na variedade padrão da língua; na variedade popular às vezes há diferenças. Observe isso nos exemplos 1 a 4.


                       1.    O advogado trouxe o documento para mim.   (  padrão / popular)
                           sujeito do verbo trazer                         complemento do verbo trazer



                        2.      O advogado trouxe o documento para eu assinar.   ( padrão )
                               sujeito do verbo trazer                             sujeito do verbo assinar




   
1.                                             2 O advogado trouxe o documento para mim assinar.   ( popular )

                                    sujeito do verbo trazer                             sujeito do verbo assinar 




                     Observe que, frase b, a forma mim desempenha o papel de sujeito de assinar. Esse emprego não é válido na variedade padrão.


1.                                                 3.  Para mim, assinar o documento foi difícil.  (  padrão / popular )
                
                Nesse caso, o pronome mim não é sujeito de assinar. Na verdade, a frase está invertida, sua ordem natural seria : Assinar o documento não foi difícil para mim.

                                           DE ONDE VEM TODA ESSA CONFUSÃO ?

                Segundo o linguísta Sírio Possenti (1997) ,  existem muitas construções em que o mim  aparece depois de preposição ( PARA, EM, DE, ETC. ). Exemplos : Creia em mim, Pegue isso para mim. Isso induz os falantes a  uma generalização, e eles acabam usando mim depois da preposição para, mesmo quando há um verbo, que exigiria a forma eu. Assim, por exemplo : Ele pediu para mim ficar lá.


Fonte de pesquisa : Emília Amaral [ et al. ]. NOVAS PALAVRAS, nova edição. São Paulo: FTD, 2010. vol 2. p. 253,254.
                        






























Nenhum comentário:

Postar um comentário